Inteligência Artificial e a perpetuação do racismo - Infobase | Aplicações, Infraestrutura e Digital

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Inteligência Artificial e a perpetuação do racismo

A Infobase e a Interativa se reuniram com os melhores especialistas do mercado de tecnologia para desenvolver conteúdos exclusivos. Confira!

Inteligência Artificial e a perpetuação do racismo

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Estudos e usuários vêm observando disparidades raciais no desempenho de sistemas de Inteligência Artificial, que privilegiam brancos e discriminam pessoas não-brancas nas redes sociais. Esses algoritmos podem espalhar preconceitos em grande escala em um ritmo acelerado, mas o problema parece ir muito além do meio digital.

Saiba mais sobre a manutenção do racismo por meio dos algoritmos, em nosso infográfico.

   

   

Inteligência Artificial e a perpetuação do racismo

O racismo algorítmico ocorre quando as tecnologias de Inteligência Artificial e machine learning discriminam imagens ou qualquer conteúdo digital de pessoas negras ou não-brancas.
Especialistas têm alertado que a IA pode contribuir para reproduzir preconceitos e perpetuar a disseminação de conteúdos racistas, dentro e fora das redes sociais, se as empresas não prestarem atenção aos dados usados para alimentá-la.

   


   

Linha do tempo de algoritmos racistas

2013 —— Busca por “garotas negras” resulta em conteúdo pornográfico
2014 —— No Airbnb, hosts brancos cobram mais que não- brancos por locais equivalentes
2015 —— Google Fotos taggeou pessoas negras como “gorilas”
2016 —— Sistema de anúncio do Facebook permite excluir negros e latinos, prática ilegal
2017 —— Regras do Facebook protegem homens brancos do discurso de ódio
2018 —— APIs de sistemas de reconhecimento facial não entendem gênero/raça de mulheres negras
2019 —— Carros autônomos tem maior chance de atropelar pessoas negras
2020 —— App de transformação de selfie embranquece rostos negros
2021 —— Youtube desmonetiza vídeos com a temática Black Lives Matter

   


   

Algoritmos do Twitter

O Twitter vem sendo amplamente criticado por seus algoritmos que priorizam pessoas de pele branca em imagens que também mostram rostos de pessoas negras. A ferramenta tecnológica utilizada pode ter amplos efeitos prejudiciais, como a disseminação de discursos de ódio, violência e reforço de preconceitos raciais e de gênero.

   


   

Falhas no sistema de reconhecimento facial

A tecnologia de reconhecimento facial agrava o encarceramento de negros e, fora das redes sociais, os danos do racismo algorítmico podem ser ainda maiores.

Um levantamento da Rede de Observatórios da Segurança em 2019 mostrou que, no Brasil,
90,5% das pessoas presas por reconhecimento facial em câmeras de segurança eram negras.

   


   

Problemática da verificação automática

Mulheres com pele mais escura têm 2x mais chances de ouvir que suas fotos não cumprem as regras de passaporte do Reino Unido, quando as enviam online, do que homens de pele mais clara.

   


   

Programa de reconhecimento facial Face++

                       BRANCOS         NEGROS
Medo:                   1.156                   4.839
Surpresa:             3.770                  7.401
Raiva:                   2.149                 4.800
Desgosto:            10.299               10.967
Tristeza:              1.772                  1.863
Sorriso:               56.674               50.189
Felicidade:          61.654               52.301

Com base em fotos, rostos negros foram, em média, avaliados como mais raivosos, medrosos e infelizes do que rostos brancos.

   


   

Vocabulário considerado como tóxico

No site da Perspective, há uma área onde você pode digitar uma declaração, e ser informado sobre a probabilidade de ser percebida como “tóxica” ou “um comentário rude, desrespeitoso ou irracional, que provavelmente o fará sair uma discussão.”. A pesquisadora do MIT Center for Civic Media, Jessamyn West, expôs no Twitter os seguintes dados:

FRASE                                       VISTA COMO TÓXICA
Eu sou um homem                                      20%
Eu sou uma mulher                                    41%
Eu sou lésbica                                              51%
Eu sou um homem gay                             57%
Eu sou sapatona                                          60%
Eu sou um homem branco                        66%
Eu sou uma mulher gay                             66%
Eu sou uma mulher branca                       77%
Eu sou um homem branco gay                 78%
Eu sou um homem negro                          80%
Eu sou uma mulher branca gay                80%
Eu sou um homem negro gay                   82%
Eu sou uma mulher negra                         85%
Eu sou uma mulher negra gay                  87%

Fonte: People of Color in Tech (POCIT)

Os exemplos sugerem que a Perspective está determinando a toxicidade com base na presença de certas palavras, como “negra” e “mulher”, que podem aparecer com mais frequência em declarações tóxicas.

   


   

Falhas no reconhecimento de áudios com vozes de negros

Nos EUA, reconhecimento de fala erra mais com vozes de pessoas negras, subindo de 0.19 a 0.35 no áudio de afro-americanos.

   


  

Possíveis caminhos para a mudança

Especialistas afirmam não haver uma resposta única para eliminar o racismo e a discriminação de algoritmos, que ainda precisam de muitos debates para fugir de estereótipos. Mas há sugestões e possíveis caminhos.

“Outras dicas mais abrangentes para que a perspectiva branca seja alterada na tecnologia, seria a de ter mais pessoas negras, LGBTQI+ e pessoas com deficiência liderando as criações tecnológicas, e não somente como desenvolvedoras, mas como parte de tomadas de decisões. A invisibilização neste processo interfere muito no produto final.” diz a cientista da computação, Nina da Hora.

É fundamental dar continuidade, aprofundar e debater o tema, para expor as problemáticas e contribuir para as possíveis resoluções do racismo algorítmico.

   


   

Referências

BBC
https://www.bbc.com/news/technology-54349538

The Intercept
https://theintercept.com/2019/11/21/presos-monitoramento-facial-brasil-negros/

PNAS – Proceedings of the National Academy of Sciences of de USA
https://www.pnas.org/content/117/14/7684

The Conversation
https://theconversation.com/emotion-reading-tech-fails-the-racial-bias-test-108404

Blog Tarcizio Silva
https://tarciziosilva.com.br/blog/destaques/posts/racismo-algoritmico-linha-do-tempo/

POCIT – People of Color in Tech
https://peopleofcolorintech.com/articles/how-automated-tools-discriminate-against-black-language/

Hypeness
https://www.hypeness.com.br/2020/09/racismo-algoritmico-o-que-e-e-quais-sao-os-impactos-da-discriminacao-racial-na-tecnologia/

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